domingo, 29 de maio de 2011

Células estaminais ajudam Ana Beatriz





Ana Beatriz nasceu em morte aparente, teve uma asfixia grave e uma paragem cardíaca, provocada por uma circular do cordão umbilical. “Durante 15 dias, os médicos nem sequer deram qualquer esperança de vida”, contou Sandra Amorim ao JN.

A pequena Ana deu o primeiro sinal e sobreviveu a todos os diagnósticos que preveniram os pais para a falta de autonomia, a impossibilidade de viver sem ventilação, para a cegueira e para a surdez. “Hoje, a Ana Beatriz vê bem, ouve bem, não é dependente”, explicou Sandra Amorim. Resultado de muito trabalho e do espantoso curso da natureza. “Os neurologistas falam da plasticidade cerebral e da capacidade do cérebro para compensar as áreas afectadas com novas ligações”, diz.

Aparentemente, as capacidades cognitivas não foram afectadas. Apesar de não falar, Ana Beatriz percebe tudo o que lhe é dito, tem capacidade de interacção, consegue identificar animais, sons e até figuras geométricas.

As duas infusões de células estaminais, colhidas à nascença, que recebeu nos EUA ao abrigo de uma terapia experimental na Universidade de Duke – , em Abril do ano passado e em Janeiro último – , aliviaram a rigidez muscular que não deixava, por exemplo, que a Ana Beatriz dobrasse as pernas e os braços ou que segurasse a cabeça e o tronco. “Sentimos que houve mais progressos em menos tempo”, contabiliza Sandra Amorim. “Depois das infusões, os músculos ficaram muito mais perto do normal”.

Marika Antunes, médica imuno-hemoterapeuta do Hospital de Santo António, no Porto, e num laboratório de criopreservação de células estaminais, explicou ao JN que actualmente há uma indicação clássica para as células criopreservadas: podem ser utilizadas no tratamento de doenças onco-hematológicas de familiares, havendo 25% de compatibilidade no caso de irmãos.

A título experimental, estão a ser testadas outras utilizações das células estaminais no próprio, como é o caso da Ana Beatriz. Apesar das complicações na altura do parto, os médicos fizeram a colheita para a criopreservação das células, agora utilizou nas duas vezes que viajou até aos Estados Unidos para integrar o ensaio coordenado pela investigadora Joanne Kurtzberg

terça-feira, 10 de maio de 2011

Lesões cerebrais: Células estaminais são esperança para criança portuguesa

Inês tem dois anos e nasceu com paralisia cerebral. Esta criança portuguesa simboliza aesperança na recuperação de lesões cerebrais com recurso a células estaminais do cordão umbilical.

A Inês foi aceite no estudo e em abril de 2009 viajou até aos Estados Unidos para receber a primeira dose das suas células estaminais. Os resultados, que poderiam manifestar-se entre 6 meses a um ano, começaram a surgir mais cedo.

"Dois meses depois de termos regressado dos Estados Unidos, notámos que ela de facto começou a olhar, começou a interagir, a fazer coisas que não fazia, a ter mais mobilidade com as mãos. Acima de tudo, notámos que ela melhorou a parte do tronco, obviamente que toda a parte de fisioterapia completa e é um fator muito importante", relata o pai da criança, Paulo Pinho.

Uma segunda infusão está marcada para breve, numa fase do estudo em que realmente se vai testar a eficácia do procedimento, mas este é um processo limitado.

"sabemos que a infusão de células estaminais está limitada à dosagem que existe de células. Portanto, a partir do momento em que gastarmos a última dose, provavelmente não teremos mais essa possibilidade", acrescenta Paulo Pinho.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cientistas criam rim a partir de células estaminais


Cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, anunciaram a criação de rins humanos a partir de células estaminais. Segundo o site do jornal britâncio Daily Mail, a descoberta pode resultar no transplante de órgãos desenvolvidos pelo próprio paciente, evitando os riscos de rejeição.

Os órgãos foram criados em laboratório utilizando o líquido amniótico humano e animal. Os cientistas afirmaram que os rins apresentam meio centímetro de comprimento, o mesmo tamanho do órgão encontrado em um feto.

O fisiologista Jamie Davies, professor de anatomia experimental na Universidade de Edimburgo, disse que a ideia é começar com células estaminais humanas até produzir um órgão em funcionamento. "Parece um pouco de ficção, mas é ciência", disse.

A esperança do especialista é que, com nova técnica, os médicos possam recolher o líquido amniótico, que envolve o embrião no útero, quando o bebê nasce. O líquido deve, então, ser armazenado para que possa ser utilizado para criar um órgão compatível caso a pessoa desenvolva uma doença renal na vida adulta. "O custo do congelamento das células é bem menor do que manter a pessoa em diálise", disse o professor.

Segundo os estudiosos, a criação de um órgão com células-tronco do próprio paciente resolve o problema de ter que usar drogas poderosas para tentar evitar que o organismo rejeite o rim de outra pessoa. Para o professor Davies, a nova tecnologia pode estar pronta para uso nos seres humanos em torno de 10 anos.

A descoberta será apresentada oficialmente no Festival de Ciência de Edimburgo neste mês.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Bioengenharia de Células estaminais em debate no IST taguspark

Com o objectivo de promover uma maior aproximação à
comunidade empresarial, o Instituto Superior Técnico Taguspark
está a organizar diversos seminários no âmbito de áreas
tecnológicas de relevo e com impacto para a sociedade.

A par das comemorações do centenário do Instituto Superior Técnico (IST),
os seminários são focados em diversas áreas tecnológicas de vanguarda
como a Bioengenharia de Células Estaminais, Redes de Comunicações,
Gestão de Serviços de Saúde e Linguagem e Matemática Industrial serão
palco de um conjunto de debates que têm como objectivo fortalecer os
laços entre a comunidade académica e a sociedade.

Para Teresa Vazão, Vice-Presidente do Instituto Superior Técnico para a
Gestão do Campus do Taguspark, “O conjunto de seminários que vão
ter lugar no Campus do Taguspark do Instituto Superior Técnico
incluem temáticas riquíssimas que estão na ordem do dia
da área das Tecnologias da Informação. Através de um programa
bastante completo e relevante para o mercado, pretendemos criar
uma maior aproximação entre a comunidade académica e o mundo empresarial.”

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Investigadores descobriram como fazer as células da pele retrocederem no tempo até ao estádio embrionário



Medicina. Investigadores descobriram como fazer as células da pele retrocederem no tempo até ao estádio embrionário. A descoberta é duplamente promissora: não só abre as portas à terapia como evita a destruição de embriões

A terapia com células é cada vez mais plausível

Investigadores britânicos e canadianos descobriram uma maneira de criar um número quase ilimitado de células estaminais que podem ser usadas com segurança em doentes, evitando o dilema ético de destruir os embriões, dos quais elas são retiradas. As células estaminais têm a capacidade de se poderem transformar em qualquer tecido do corpo, uma particularidade que levou os cientistas a acreditar que podiam ser usadas para substituir órgãos danificados e tratar doenças como Parkinson e diabetes, entre outras.

A descoberta pode ter implicações de grande alcance, pois os cientistas encontraram um meio de reprogramar células da pele retiradas de adultos, fazendo-as retroceder no tempo até chegarem à sua forma embrionária.

A pesquisa, que foi destacada pelo jornal britânico The Guardian, está a ser encarada como um progresso notável pela comunidade científica, ao mesmo tempo que é saudada pelas organizações pró-vida, que até aqui condenavam a criação destas células para posterior destruição.


"Este é um passo significativo na direcção certa. A equipa fez grandes progressos e juntando este trabalho com o de outros cientistas sobre diferenciação de células, há esperança para que a promessa de uma medicina regenerativa possa tornar-se em breve numa realidade", disse Ian Wilmut, que chefiou a equipa de clonagem da ovelha Dolly e dirige o Centro para Medicina Regenerativa da Universidade de Edimburgo.

Uma vez que as células podem ser feitas a partir da própria pele do doente, elas transportam o mesmo ADN, podendo portanto ser usadas sem correr o risco de serem rejeitadas pelo sistema imunitário.

Foi há já um ano que os cientis- tas mostraram ser capazes de fazer células a partir de outras células de adultos. Mas aquelas células nunca puderam ser usadas em pacientes porque o procedimento envolvia injectar vírus que podiam causar cancro. Ultrapassar esta limitação e fazer as células estaminais cumprirem a promessa de transformarem o futuro da medicina tornou-se o maior desafio desta área de investigação.

Assim, agora, os investigadores das universidades de Edimburgo e de Toronto encontraram uma maneira de atingir o mesmo objectivo, sem terem de usar vírus, fazendo com que as perspectivas para tera- pias através de células possam ser, pela primeira vez, realizáveis.

domingo, 1 de maio de 2011

Legislação em relação as células estaminais




Em declarações à agência Lusa, Rui Reis afirmou que, "para que esta área avançasse em Portugal, era preciso potenciar a investigação que já se encontra no terreno e aproveitar as oportunidades existentes na arena internacional". "Para tal era preciso, como este projecto de lei pretende, colocar a legislação que regulamenta a utilização de células estaminais de origem humana ao nível do que se faz nos países mais avançados neste domínio, que são entre outros o Reino Unido, a Suécia, a Bélgica ou Singapura", apontou. O também director do Grupo 3 B's, da Universidade do Minho, adiantou que o diploma é "até mais ambicioso" do que fez a administração Obama. "Ficaremos certamente muito mais competitivos em termos internacionais", salientou.

A proposta de lei, que pretende estimular a actividade de investigação neste domínio, "não perde de vista o objectivo de potenciar a actividade económica e a criação de valor nesta área de alto potencial tecnológico, e que pode vir a ter um fortíssimo impacto no tratamento de diversas doenças para as quais hoje não existem alternativas terapêuticas adequadas".

Rui Reis entende que "o Governo foi capaz de ouvir a comunidade científica nacional e aconselhar-se com diversos especialistas estrangeiros para preparar um projecto de lei que, de facto, responde às necessidades e remove obstáculos". "Enquadra-se a utilização de células estaminais embrionárias, mas também de outras origens, bem como o modo como elas podem ser obtidas e utilizadas", referiu.

O responsável acrescentou que "uma lei como esta pode ajudar a atrair e fixar talento, reforçar a produção científica nacional numa área tão importante como esta e no médio prazo ter consequências altamente positivas na actividade empresarial neste domínio". "Como cientista espero apenas que os diversos quadrantes sociais e políticos sejam capazes de ouvir os especialistas e que não se misture religião com ciência. Como sabemos da história, essa mistura tipicamente nunca gerou progresso", recordou Rui Reis.